Como Berserk Inverte o Clichê do Escolhido
- O Que é o Clichê do Escolhido?
- Como Berserk Desmonta Esse Padrão
- O Peso do Poder em Berserk
- Dois Caminhos para o Escolhido — E Ambos Levam à Perda
- E aí, curtiu?
O Que é o Clichê do Escolhido?
Se você já conferiu um bom punhado de animes ou mangás, com certeza já se deparou com o famoso Clichê do Escolhido. Esse recurso narrativo é como aquele velho amigo que aparece em praticamente toda história de fantasia: o protagonista predestinado a salvar o mundo, derrotar um inimigo colossal, ou, na melhor das hipóteses, cumprir uma profecia. A gente vê isso em obras icônicas, como Harry Potter, onde o garotinho da cicatriz tem que enfrentar o vilão mais pica das galáxias, e até em mitologias, tipo Zeus dando uma surra em Cronos. Aqui no universo dos animes, esse clichê ganha vida própria; Naruto é o escolhido para trazer paz ao mundo ninja, Luffy está fadado a ser o Rei dos Piratas e até Boruto, coitado, carrega um destino especial que poucos conseguem escapar. Normalmente, esses heróis têm a mão divina ajudando em cada batalha, aliados poderosos ao lado e habilidades únicas que os fazem sair ilesos de quaisquer provações. Mas, então, surge Berserk, quebrando essa expectativa de uma forma que vai deixar você pensando: “É, isso não é bem como eu esperava”. Vamos dar uma olhada em como isso acontece:
Como Berserk Desmonta Esse Padrão
Em primeiro lugar, temos Guts, o protagonista de Berserk, que parece, a princípio, um candidato perfeito para o título de “escolhido”. Ele enfrenta inimigos de deixar qualquer um com medo só de olhar, sobrevive a situações absurdas, como o terrível Eclipse, e até tem encontros com figuras místicas como o Cavaleiro Caveira. O problema? O Cavaleiro Caveira sempre chega atrasado na festa. O que ele faz? Nada! Não impede o Eclipse, não salva os amigos de Guts e definitivamente não evita que ele ganhe a marca do sacrifício. Essa abordagem é radicalmente diferente do que estamos acostumados. Enquanto outros protagonistas desse clichê recebem ajuda divina e superam desafios com facilidade, Guts realmente sente na pele cada dor, cada perda e cada sacrifício em sua busca por poder, transformando sua jornada em uma tragédia cruel.
O Peso do Poder em Berserk
Quando você pensa em um protagonista ganhando poderes especiais, normalmente imagina um momento épico, certo? Mas em Berserk, a coisa muda de figura. Cada avanço de Guts em direção ao poder traz consigo um peso imenso, tanto físico quanto psicológico. Por exemplo, a Armadura Berserker dá ao nosso herói uma força devastadora, mas ao mesmo tempo, destrói seu corpo lentamente e ameaça sua sanidade. Kentarou Miura, o criador dessa obra-prima, tem uma visão bem única sobre o poder, que na verdade é um fardo. E Guts não está em busca de um ideal heroico ou de salvar a humanidade; ele quer apenas vingança. O sujeito quer acabar com Griffith, seu ex-amigo que traiu tudo que ele mais amava. E mesmo que Guts consiga realizar essa vingança, o que ele ganha? Um sentimento de vazio e a constante ameaça da Mão de Deus pairando sobre ele e suas preocupações. Assim, o que parece ser uma busca por poder e redenção rapidamente se transforma em um ciclo de dor e desespero que não tem fim.
Dois Caminhos para o Escolhido — E Ambos Levam à Perda
E agora, vamos conhecer uma outra camada desse enredo tão sinistro. Em Berserk, Guts não tem apenas um chamado para a aventura, mas sim dois. O primeiro é aquele caminho clássico: lutar contra os apóstolos e salvar as almas inocentes. O segundo é, claro, o caminho da vingança, que ele persegue incansavelmente. Porém, aqui a coisa complica. Nenhum desses caminhos oferece uma verdadeira vitória. Mesmo que Guts conquiste seus inimigos e alcance uma momentânea sensação de sucesso, a dor e a perda que ele carrega nunca desaparecem. Isso acaba colocando Berserk em um espaço único dentro do gênero, onde, na maioria das histórias, os protagonistas conseguem algum tipo de triunfo ou redenção. Mas em Berserk? A trajetória de Guts é marcada por um ciclo infernal de sofrimento, perda e violência. Ao contrário da ideia romântica de que o “escolhido” terminará em um final feliz, Guts nos mostra a crueza e a brutalidade da realidade.
E aí, curtiu?
No final das contas, Berserk não é apenas uma história sobre um cara musculoso empunhando uma espada gigante. É uma crítica profunda aos clichês do gênero, especialmente o do Clichê do Escolhido. Guts é tudo menos o herói tradicional que estamos acostumados a ver. Ele é complexo, atormentado e sua busca é cheia de sofrimentos que o acompanham como sombras. É essa singularidade que torna a obra tão impactante e inesquecível. Se você ainda não mergulhou no mundo sombrio de Berserk, está perdendo uma experiência única que desafia todas as normas das histórias de herói. Agora que você já sabe como Berserk reimagina esses conceitos clássicos, quem sabe não dá uma chance a essa obra-prima e descobre por si mesmo como ela inverte completamente o jogo? Boa leitura!