Crítica: Thunderbolts – Carisma, conexão e a faísca que faltava no MCU
Confesso: fazia tempo que eu não saía de uma sessão da Marvel com aquela sensação boa de “é pra isso que eu venho ao cinema”. Thunderbolts pode até não ter o peso épico dos grandes crossovers do estúdio, mas é justamente por não tentar carregar o mundo nas costas que o filme funciona tão bem.
A trama parte de um ponto simples — quase despretensioso — e se desenvolve com calma, apostando muito mais na construção de personagens do que em reviravoltas mirabolantes ou batalhas de escala planetária. E, sinceramente? Foi um alívio. O filme acerta ao focar no fator humano, no desequilíbrio e nos conflitos internos de cada integrante da equipe.
O maior trunfo de Thunderbolts, sem dúvida, é o carisma do elenco. Há uma química muito real entre os personagens, que se conectam de forma orgânica — algo que há tempos parecia perdido no universo Marvel. Ver como figuras tão diferentes se completam e crescem juntas no decorrer da jornada é o que realmente segura o espectador do começo ao fim. É aquela velha fórmula dos improváveis que funciona: quando menos se espera, já estamos torcendo por eles como se fossem velhos conhecidos.
As atuações ajudam muito nisso. Florence Pugh continua entregando tudo como Yelena Belova, com seu humor ácido e uma humanidade que dá vida à personagem. Wyatt Russell como John Walker consegue equilibrar o tom entre arrogância e redenção, e David Harbour como Guardião Vermelho é uma grata surpresa, garantindo os momentos mais divertidos sem forçar a barra.
Visualmente, o filme mantém o padrão Marvel, com boas cenas de ação e uma direção que sabe valorizar o grupo — sem esquecer que cada personagem tem seu momento. O roteiro também surpreende por não cair em soluções preguiçosas: ele trabalha bem os arcos pessoais, costurando um enredo sólido e satisfatório.
Thunderbolts pode não reinventar a roda, mas entrega algo que o MCU estava precisando: coração. Ele se afasta da grandiosidade artificial que marcou parte da Fase 4 e traz de volta aquele sentimento de conexão verdadeira com os personagens. E isso, no fim das contas, é o que mais importa.